As bridas ou aderências são cordões fibrosos que ocorrem principalmente devido à manipulação de órgãos durante um procedimento cirúrgico devido ao contato com luvas cirúrgicas, gaze, compressão de tecido ou diminuição do fluxo sanguíneo durante a cauterização e suturas. No entanto, estão se tornando cada vez menos comuns devido às novas tecnologias e melhores materiais para procedimentos cirúrgicos. Além das operações, outras situações que levam ao aparecimento de bridas são:
- Inflamação abdominal, como após uma doença inflamatória intestinal ou infecção;
- Isquemia intestinal, quando há redução ou parada do fluxo sanguíneo, resultando em infarto e necrose do tecido;
- Trauma em acidentes;
- Presença de objetos estranhos no abdômen, como suturas;
Quais são os sintomas mais comuns?
As bridas causam aderências entre os órgãos e os principais sintomas desta situação são:
- Dores abdominais;
- Mudança no ritmo intestinal e formação de gases;
- Distensão abdominal;
- Aumento dos ruídos intestinais;
- Náusea e vômito;
- Dores durante o contato íntimo;
- Infertilidade e dificuldade em engravidar;
- Obstrução intestinal e consequente parada na eliminação de gases e de fezes.
As obstruções intestinais por bridas são consideradas uma emergência médica. Nessa situação é necessário se dirigir ao pronto-socorro, sob risco de ruptura intestinal e complicações como a peritonite.
Como são diagnosticadas?
Após a avaliação clínica inicial, são solicitados exames de imagem, como a radiografia de abdômen, a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética. Eles podem mostrar alguns sinais dessa situação. No entanto, as bridas nem sempre ficam visíveis nos exames – afinal, elas estão entre os órgãos. Ou seja, um exame negativo não descarta a presença de bridas. Isso é muito importante na vigência de obstrução intestinal. Os exames identificam a obstrução com relativa facilidade, mas as bridas responsáveis pelo quadro não são detectadas. Nessa situação, a cirurgia está indicada devido à obstrução. Durante o procedimento cirúrgico as bridas são identificadas como fator etiológico e o cirurgião procede a sua lise. Esse tipo de cirurgia pode ser realizado tanto pela via aberta quanto pela laparoscopia.
E o Tratamento?
Geralmente realizado sob regime de INTERNAÇÃO HOSPITALAR e com acompanhamento por parte do SERVIÇO DE CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO. Independente da causa da obstrução intestinal, todos os pacientes têm seu manejo iniciado com reposição volêmica e eletrolítica, ajuste dietético e descompressão com sonda nasogástrica em sifonagem. O uso de antibiótico (ATB) profilático ainda será necessário, sobretudo, para pacientes com indicação de cirurgia. Pacientes obstruídos costumam apresentar grande depleção de volume (por episódios de vômito e quadro obstrutivo prolongado com sequestro de líquido intraluminal) que pode evoluir para instabilidade hemodinâmica. Por isso, a reposição volêmica é importante. Ademais, a passagem de um cateter vesical, com o intuito de acompanhar a sua diurese, também se torna essencial. Junto a isso, a maioria dos pacientes deve estar em dieta zero, a fim de evitar a progressão da distensão abdominal. A descompressão intestinal pode variar de acordo com cada caso. Contudo, geralmente, para indivíduos que possuem distensão intestinal, náuseas e/ou vômitos, é realizada a descompressão com sonda nasogástrica, garantindo maior conforto e evitando a progressão da distensão. A obstrução pós operatória costuma ocorrer por bridas (aderências) nas primeiras seis semanas e a maioria é obstrução parcial. Em geral, o tratamento conservador resolve, mas alguns pacientes vão necessitar de cirurgia. Por fim, a indicação cirúrgica vai depender da decisão da equipe clínica/cirurgia. Na maioria dos casos, o tratamento inicial é conservador, contudo, se houver diagnóstico ou suspeita de estrangulamento, isquemia e deteriorização clínica, a cirurgia deverá ser realizada prontamente.