Hepatite Medicamentosa

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Hepatite Medicamentosa 
O que são? As hepatites tóxicas e medicamentosas consistem numa reação inflamatória do fígado, desencadeada pela ingestão de certos tóxicos ou de fármacos diversos.

Qual é a frequência? As hepatites tóxicas relacionam-se quase sempre com a exposição a produtos nocivos, como solventes e diluentes, muitas vezes relacionados com o trabalho do doente. Praticamente todos os fármacos podem provocar reacções hepáticas, dependendo quer do próprio medicamento, quer das características do indivíduo, pelo que as hepatites medicamentosas são frequentes.

Quais são as causas? Estas hepatites podem ser provocadas por dois mecanismos: toxicidade ou idiossincrasia. No primeiro caso, o produto ingerido lesa directamente as células hepáticas, pelo que qualquer indivíduo exposto contrai hepatite, de maior ou menos gravidade consoante a dose ingerida (é o caso de alguns solventes, como o tetracloreto de carbono e de medicamentos como o paracetamol, quando tomado em doses excessivas). Na idiossincrasia a lesão depende do próprio indivíduo, só acontecendo em pessoas susceptíveis e não depende da quantidade de medicamento tomada (é o caso da maioria das hepatites medicamentosas). Por vezes a idiossincrasia traduz-se por hipersensibilidade (reacção de tipo alérgico), podendo a hepatite acompanhar-se doutras manifestações, por exemplo cutâneas.

Como prevenir? Deve evitar-se a exposição a produtos tóxicos, designadamente em ambiente industrial, utilizando cuidados e protecções adequadas. Mas o mais importante é evitar tomar medicamentos desnecessariamente ou por automedicação. Neste caso incluem-se os produtos da “Medicina Natural”, que muitos consideram erradamente inócuos, mas que são cada vez mais frequentemente implicados em lesões hepáticas por vezes graves.

Como se manifesta? Podem ser assintomáticas, o que acontece na maioria dos casos. Havendo sintomas, são semelhantes aos das hepatites por vírus: mal estar, náuseas, vómitos, febre, icterícia.

Qual o percurso da doença? A maioria dos casos cura espontaneamente desde que se suspenda o medicamento ou tóxico envolvidos. A resolução pode demorar apenas alguns dias ou até várias semanas. Mais raramente e apenas com alguns produtos, pode haver evolução crónica, até mesmo para cirrose hepática. É importante saber que a re-exposição ao mesmo medicamento ou tóxico causará nova hepatite.

Como se diagnostica? Não há testes específicos para o diagnóstico que assenta na história clínica e no perfil tempo real da evolução da doença, surgindo após a exposição e desaparecendo com a suspensão do agente agressor. A biopsia hepática pode ser um auxiliar importante na diferenciação com outras causas de hepatite. Os sintomas são praticamente os mesmos em todos os tipos de outros tipos de hepatites:

 Mal-estar geral, 
 Cansaço, 
 Sintomas semelhantes à gripe, 
 Icterícia (cor amarelada nos olhos e/ou na pele), 
 Eliminação de urina escura (como chá preto), 
 Dor na região logo abaixo das costelas do lado direito do abdômen e náusea ou vômitos.

A icterícia (amarelão), porém, só aparece em 50% dos casos. Muitas vezes, a pessoa desenvolve a doença mas não fica sintomático (casos subclínicos).

Qual é o tratamento? O tratamento consiste na suspensão do medicamento ou no evitar do tóxico. Nalguns casos pode ser necessário recorrer a antídoto. Em todos os casos deve recorrer-se ao médico.

Qual o prognóstico? Geralmente curam, alguns casos (raros) são rapidamente fatais, outros (pouco freqüentes) evoluem para a cronicidade – CIRROSE HEPÁTICA.

HEPATITE MEDICAMENTOSA FULMINANTE

É uma complicação incomum, pode ocorrer tanto nas hepatite virais, alcóolicas e também em virtude da automedicação. Os pacientes apresentam geralmente icterícia progressiva, podendo até apresentar problemas no cérebro (encefalopatia hepática). O fígado sofre intensa necrose, que é irreversível. Em geral, a taxa de mortalidade é bem alta, em torno de 90 a 100% dos casos, a necessidade de TRANSPLANTE HEPÁTICO é absoluta.

O tratamento envolve a admissão ao hospital numa unidade de Terapia intensiva. Todos os medicamentos que podem contribuir para hepatotoxicidade devem ser descontinuados imediatamente. O tratamento clínico é primariamente de suporte. Pacientes que desenvolvem insuficiência hepática fulminante requerem tratamento de suporte intensivo e das complicações agudas, incluindo a encefalopatia, coagulopatia, distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos, insuficiência renal, sepsis e edema cerebral.

A assistência médica especializada ocorrerá através de uma nutrição adequada, otimização dos balanços hídricos do paciente, ventilação mecânica e monitorização da pressão intracraniana (nos casos de encefalopatia severa), remover a causa subjacente (tal como as intoxicações por drogas exógenas e/ou envenenamento pelo paracetamol ou outras medicações. A diálise pode ser necessária nos casos de falência renal ou intoxicações por drogas. As taxas de mortalidade são altas, geralmente em torno de 80%, sem o transplante.

Atualmente a combinação da sustentabilidade na unidade de terapia intensiva multidisciplinar associado ao transplante hepático vem melhorando cada vez mais a sobrevida pós-operatória (acima de 65%). Sendo utilizados diferentes escores de gravidade para avaliar o dano da função hepática são utilizados para preconizar ou não o transplante. Estes incluem critérios do Hospital King”s College,a mensuração do MELD (modelo de doença hepática terminal), o APACHE II e os critérios de Clichy.

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